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Naquelas madrugadas frias de
79 eu cortava Ourinhos a pé, da minha casa até o Tiro de Guerra, ao lado do Monstrinho. Minha mãe levantava às três e meia deixando minha farda
arrumada e meu cafezinho pronto, no bule.
Solitariamente eu subia a Rua Dom José Marello rompendo
o frio no rosto, ouvindo o trompete de Nini Rosso, cortando a
madrugada. Os cachorros da vizinhança me conheciam, economizavam latido quando
ouviam meus passos. Os cães foram, durante aquele ano, minha companhia naquelas
ruas de asfalto frio e naquele breu... Ouvia-se, também, o apito dos
guardas-noturnos riscando a noite.
Era um outono triste...
Inevitável o paralelo dessa canção
com as obrigações militares, sem esquecer, também, a carga fúnebre que a melodia
carregava em si.
Quantas vezes senti vontade
de arrancar aquela escuridão como quem arranca um lençol estendido no colchão!
Quantas vezes senti vontade de arrastar os ponteiros do relógio, para que
amanhecesse mais rápido e, aparecesse um monte de anjos coloridos, para
enfeitarem as manhãs de minha mãe com uma manta, bem quentinha, e uma deliciosa
mesa de café!
A escuridão da noite fez com que eu desse mais valor às
minhas manhãs e, a luta de minha mãe, fez com eu conhecesse a grandeza de Deus,
bem como, os anjos que Ele coloca em nossas vidas... Minha mãe foi o anjo
colorido que Deus mandou pra mim.
Hoje, passados quase quarenta anos, consigo ouvir o trompete de Nini Rosso de forma acalentadora e
confortante.
Nessa noite sem nuvens, essa canção - feito estrelas, entra em minha alma de forma emocionante e comovente. Isso me obriga a mandar um recado para minha mãe, bem baixinho, pertinho de seu ouvido, dentro do seu coração, onde quer que ela esteja:
Nessa noite sem nuvens, essa canção - feito estrelas, entra em minha alma de forma emocionante e comovente. Isso me obriga a mandar um recado para minha mãe, bem baixinho, pertinho de seu ouvido, dentro do seu coração, onde quer que ela esteja:
- Buonanotte amore,
buonanotte Mamma!