Contam os ourinhenses mais
antigos que, no início dos anos 60 havia um senhorzinho, “Seu” Armando, pelas
bandas da Vila Musa, na época um bairro pobre - quase rural – abarrotado de
olarias, margeado pelo Rio Paranapanema e cortado pelos trilhos da Rede Ferroviária
Federal. Este homem, segundo os vizinhos, era cheio de ideias mirabolantes,
inventivo, enfim, meio “maluco”... Toda manhã arreava seu burro, amarrava na
carrocinha e saía cantarolando, pra cortar capim naquelas beiras de
estrada.
O capim ele secava ao sol e,
após isto, amarrava-os em feixes, atava uns aos outros e, por fim, após
ensacá-los, criava confortáveis colchões de capim.
O sonho daquele matuto era
criar um colchão que fosse aconchegante como um ninho de pássaros e macio feito
um novelo de lã. Vale lembrar que, por vezes, o ‘fabricante’ do colchão de
capim, serviu de chacotas para os desinformados daquele lugar.
Seu filho Hélio, vendo a
trabalheira que seu pai tinha para confeccionar os colchões, começou procurar materiais
mais acessíveis e modernos: algodão, molas de aço e por fim o tal poliuretano
(espuma). Devo dizer que, do capim à espuma, nascia em Ourinhos, uma das
maiores indústrias de colchões da América Latina. Um gigante do setor, com
comprovada qualidade internacional.
Ontem, retornando de
Curitiba, pela BR 376, ao ver o nome da cidade na placa de um caminhão, me
bateu uma baita saudade de minha infância em Ourinhos. Além da placa, observei
escrito, em letras garrafais, no baú de alumínio: “CASTOR – Um sonho de
Colchão”. Um grande orgulho ourinhense!
Ali, à minha frente, seguia
o sonho de um senhorzinho simples, lá da Vila Musa – Seu Armando. Por vezes
taxado de louco, porém, na verdade, um grande trabalhador – um entusiasta -
dessas pessoas guerreiras que, além de positivista, ainda que, cortando capim
na beira da estrada, ousou construir um império.
Portanto, meus amigos, se ao
passarem por uma estrada qualquer e observarem um caboclo humilde, assobiando, debaixo
de um surrado chapéu de palha, enchendo uma carrocinha com capim, não duvide, ali
pode estar nascendo um sonho possível: um colchão aconchegante feito um ninho
de pássaros e macio feito um novelo de lã - um sonho de colchão!
Nossa, Marreco
ResponderExcluiré verdadeira esta história? O nome do dono do colchão castor era Hélio mesmo!
Parabéns!
Minucci