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Foram para a capital
paulista (terra das oportunidades). Levaram além dos 11 filhos, as malas de
eucatex cheias de sonhos e esperança.
Embarcaram no trem
das oito e meia, numa noite chuvosa e triste. Tão triste quanto deixar a cidade
que amavam – Santa Cruz do Rio Pardo!
O apito choroso do
trem anunciou a partida. Os filhos ainda crianças, com olhinhos brilhantes,
ainda colocaram a cabeça para fora da janela e viram que, quanto mais o trem se
afastava, mais as luzes de Santa Cruz diminuíam, ofuscadas por gotas de chuva. O Rio Pardo, como quem se despede, seguiu os vagões por um longo trecho, até que o trem desapareceu na escuridão e o rio Pardo, entristecido, silenciosamente seguiu seu curso.
Chegaram à Estação da
Luz pouco antes das nove da manhã. Caía uma garoa fina e gelada. Estranharam o
tamanho da cidade. Assustados, pensaram em embarcar no primeiro trem de volta,
decidiram que não! Talvez o dinheiro no bolso não fosse suficiente para comprar
as passagens de volta.
Pensaram: guerreiros não fogem da luta – e ficaram. Reiniciar a vida, num mundo estranho, era urgente e preciso!
Entre carros e
edifícios foram se embrenhando naquele monstro de concreto armado e nunca mais
voltaram para Santa Cruz, ou melhor – voltaram sim, em raros passeios. Após
isso os trens de passageiros deixaram de existir.
Passaram os anos e
não enriqueceram. Decepção? Não! As dificuldades enfrentadas os tornaram ainda
mais unidos. Acredito que tenham sido felizes!
Tristezas tiveram
muitas, mas a perda da filha Marivelce doeu mais profundo, uma ferida que
jamais cicatrizou! Lutaram a vida toda e a riqueza procurada deu lugar à
riqueza de espírito, de união e de amor à família.
Tia Maria e Tio
Alberto foram isso: lutadores e família, mesmo contra a força dos ventos, das
decepções e da garoa gelada que esteve sempre presente.
A grande lição ficou
gravada nos nomes que colocaram nos filhos, todos iniciando a grafia com o
prefixo “mar”: Marlene, Marly, Márcia, Marílvia, Maria Amélia, Marisa, Mário,
Marilda, Márcio, Marci e Marivelce.
Talvez tenham pensado no infinito do MAR, ou, com isso,
simplesmente conjugado o verbo “aMAR”!
Dizem que os trens
para o interior voltarão a circular. Tarde demais! Tia Maria e Tio Alberto,
foram chamados por Deus, e embarcaram, já há algum tempo, num trem para as
estrelas!
Você é grandioso Marreco,
ResponderExcluirDescrever a luta dos tios é coisa de gente de bem. você merece minha admiração!
Minucci
Fantástica sua narrativa!!!!! Você acredita que embarquei nessa viagem junto com você? Você sabe muuuuiiiito!!!! Escreva um dia qualquer, algo sobre o possível encontro com nossos pais na eternidade, é apenas uma sugestão, pois sei que você é o cara!.... e vai arrancar muitas lágrimas e emoções contidas no meu coração
ResponderExcluirDesculpe, esqueci de me identificar no comentário acima, mas acho que você sabe.
ResponderExcluirBjs de quem te admira muito. Dóris....
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSAUDADES DA VO MARIA.QUE DEUS O TENHA EM UM BOM LUGAR.
ResponderExcluirPARABÉNS PELO SEU TALENTO JOÃO NETO.