Puro engano... Ontem, quase quarenta anos depois, conversando com Doum Miranda, o vizinho da casa da direita, descobri outras verdades...
Ele confidenciou as dificuldades
dos Miranda: a mesma mesa escassa, as contas pagas em atraso, além de seus
dramas familiares.
Que nada! Quantas batalhas
intermináveis!
E viajamos no tempo... Lembramos que nós mesmos construíamos nossos brinquedos... Que o cabo de vassoura foi o cavalinho que vimos em alguma vitrine... Lembramos que nosso telefone nada mais era que duas latas de massa de tomate com um barbante amarrado no fundo, na verdade, ele servia como condutor de voz... Lembramos que nosso brinquedo mais “irado” era o carrinho de rolimã - uma tábua e uma ripa feito “barra de direção”, duas rolimãs grandes na frente e duas menores atrás – era só respirar fundo, se encher de coragem e descer a rua Dom José Marello ladeira abaixo... Ah, o freio era o calcanhar mesmo!
O único brinquedo que nosso
dinheiro, às vezes, podia comprar era a tal “caixinha de sorte” que comprávamos no 'Seu' Loredo, o pipoqueiro... Algo em torno de cinquenta centavos... Do tamanho
de uma caixa de fósforos ela continha uma surpresa, sem nenhum
valor real, mas tínhamos a ilusão de que dentro dela havia um tesouro...
Mais crescidos as batalhas se restringiram ao futebol... Nas 'peladas' contra os times da Vila Kennedy ou Vila Marcante onde, invariavelmente, os combates acabam em briga generalizada!
Mais crescidos as batalhas se restringiram ao futebol... Nas 'peladas' contra os times da Vila Kennedy ou Vila Marcante onde, invariavelmente, os combates acabam em briga generalizada!
Assim crescemos, domando a vida
feito um cavalo de pau, tentando ser feliz na velocidade de um carrinho de rolimãs, e acreditando que essa mesma vida carregava dentro de si os tesouros que tanto
buscávamos.
Saímos para o mundo e, além
de fazer desse mundo nossa casa, conquistá-lo tornou nossa razão de viver. Muitas
e grandes vitórias conseguimos...
Derrotas? Claro que tivemos... Mas serviram
para lembrar que somos guerreiros de almas fortes, quase sempre, imbatíveis!
Acredito que vencemos!
Mas as batalhas serão eternas!
Mas as batalhas serão eternas!
as vezes, ao me dirigir as pessoas de mais idade do que eu, eu tento pensar em todas as lições que essas pessoas tem e quantas coisas podem nos ensinar. Engana-se quem pensa no conhecimento fornecido pelos livros (pois esses "estudiosos" quase nunca viveram o mundo da prática). o que me fascina nos seus textos, são os sentimentos das palavras, sabemos que há uma vida nessas histórias, uma lição. Fico meio chateado ao ver a abundância do mundo que cedemos hoje ás nossas crianças, que nem sempre valorizam o que tem em mãos. Mais uma grande lição de João Neto.
ResponderExcluirMarreco,
ResponderExcluirSe esqueceu das brincadeiras de rua: "salva", "pique-latinha", "cuspe à distância", "mãe da rua", etc.
Você roubou minha ideia, eu que pensei em escrever isso!!
Abraços
Minucci