- Tomei conhecimento da
análise do acidente, com lesão, ocorrida com o funcionário de sua empresa...
Vocês concluíram que: “o motivo da lesão, na perna do funcionário, foi devido à
mordida de um cão feroz”. Complementaram afirmando que o acidente poderia ter
sido evitado se o dono tivesse amarrado o cão na corrente.
Pois bem, senhor presidente
da Cipa: A pessoa que o senhor chama de “dono” na verdade é meu melhor amigo...
E para falar de nossa amizade eu preciso te contar minha história:
Fiquei órfão muito cedo,
perdi minha mãe atropelada numa dessas avenidas movimentadas... Avenidas
criadas para diminuir os atropelos dos homens, além de atropelar caninos... Entre
outros animais.
Fiquei alguns dias vagando
pelas ruas - com fome e frio – todo machucado, sem forças, magro e rejeitado
(quem iria querer um vira-latas?).
Numa noite não muito
distante, percebo caminhando em minha direção, um senhor de semblante iluminado,
carregando um olhar tão sincero, que não me contive e lhe abanei o rabo em
sinal de empatia. Ele estalou os dedos e me chamou:
- Vem Lobinho, vem que vou
te dar um prato de comida!
Eu que nem nome tinha,
naquele momento, passei a ser chamado de Lobinho - talvez por levar comigo alguns
traços de huski siberiano – e ainda fui convidado para jantar! Após me
alimentar (juro, estranhei o gosto daquela ração!), meu “melhor amigo” jogou
alguns panos na varanda e falou carinhosamente:
- Você vai dormir aqui
Lobinho, se quiser pode ficar morando com a gente!
Naquela noite, para não
incomodar, não soltei um latido sequer e adormeci sonhando a paz do meu novo lar!
Aos poucos fui conhecendo
todos os moradores da casa, inclusive as crianças com as quais brinco horas a
fio. Amo essas pessoas e afirmo, sem medo de errar, sou muito feliz aqui!
Meu melhor amigo ou meu
“dono”, como queira, senhor presidente da Cipa, construiu uma casinha só para
mim, com meu nome escrito na entrada e, ainda, de frente para o jardim para que eu possa observar as borboletas, beijando as flores, pela manhã.
Meu melhor amigo jamais me
prendeu em correntes, a não ser quando me leva pra passear ou paquerar uma
cadelinha poodle que mora na casa da esquina (desculpe a expressão, mas tenho o
maior “tesão” nela, senhor presidente!).
Em forma de gratidão não
permito a entrada de pessoas estranhas aqui, defendo essa casa com unhas e
dentes... Lembrando que seu funcionário é uma pessoa estranha para mim!
Sugiro (se é que aceita
sugestão de um ser irracional) que mude o relatório do acidente e o conclua observando
o seguinte: “O funcionário cometeu um ato inseguro ao adentrar uma propriedade
particular sem verificar a presença de cão fiel”.
Nem o sofrimento de ter sido
um cão sem dono e, ainda, a falta da minha mãe me tornou antissocial ou feroz,
senhor cipeiro, mas sou fiel ao meu melhor amigo, isso eu sou!
Quando seu colaborador
precisar adentrar nossa casa peça que, pelo menos, se anuncie. Se não o fizer ele será mordido
novamente e sua Cipa terá que preencher outro relatório de acidentes.
Assinado: Lobinho
Boa, Lobinho!
ResponderExcluirVoltarei a seu blog, João. Um abraço.
Quando puder, apareça no meu:
ResponderExcluirhttp://cronicasereflexoes.wordpress.com
Até!
Gostei disso Marreco,
ResponderExcluir"Naquela noite, para não incomodar, não soltei um latido sequer e adormeci sonhando o sonho da aceitação!"
Muita sensibilidade!
Minucci
Adorei João!
ResponderExcluirVivas ao Lobinho!!!Vou enviar para minha sobrinha que é amante de cães.
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