Quem nos atendeu foi o
senhor Quinzinho, uma figura conhecida aqui pelas bandas da Jacutinga... No alto
dos seus oitenta e tantos anos, baixa estatura, vestindo camisa envelhecida de algodão
cinza e um chapéu de feltro, surrado, tipo homburg... Com seu sotaque
amineirado informou, educadamente, que a luz piscava sem parar.
Bastaram cinco minutos, e pronto,
resolvemos seu problema de conexão... Ao despedirmos senhor Quinzinho nos
ofereceu uma xícara de café... Com a voz mansa agradeceu, sem antes de desejar o
que todos os humildes desejam:
- Voltem com Deus!
E voltamos...
A mansidão
daquele mineirinho refletiu a imagem do meu avô Zico... Ele também falava calmo e compassado, além de vestir a mesma camisa cinza e chapéu de feltro... Vô
Zico, do qual herdei o nome de batismo, era homem de poucas palavras e muitos
exemplos.
Foram poucas as casas de Santa Cruz que não receberam, ao menos, uma batida do martelo do Vô Zico..
Madeirou,
ripou, pregou e flutuou pelos telhados santacruzenses. Com os mesmos oitenta e
tantos anos de Quinzinho, Vô Zico, feito um alpinista, ainda escalava os
telhados deste céu.
Passou pela vida docemente...
E mesmo diante de profissão tão penosa, jamais lamentou, apenas agradeceu a
Deus, exatamente como agradecem os humildes... Recebeu em troca mais de cem
primaveras!
Tive que escrever isto, simplesmente
para relatar que enxerguei na doçura do olhar do senhor Quinzinho, os olhos do
meu avô!
Eita João Neto.
ResponderExcluirSua sensibilidade é coisa surpreendente. Você é sangue bom meu amigo!
Minucci
Lindo meu bem!
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