- Hoje faz quatorze anos que
meu pai partiu definitivamente... Flávia disse isto na hora do jantar, também contou
que esteve, na parte da tarde, no barracão da Prefeitura - último lugar em que
o pai trabalhou... Completou que, apesar da saudade, ficou feliz por ter ido
lá, e que, naquele instante, sentiu a presença do pai.
Suspirou novamente e,
enquanto bebericava um copo de chá verde, se lembrou do tempo em que o pai fazia a
contabilidade da empresa de transportes do avô e do tempo em que ele prestava
serviços para outros contabilistas da cidade...
Afirmou que ele era um grande
datilógrafo e que as “Remington’s” adoravam sentir a suavidade e velocidade de
seus dedos - ele as tratava como um pianista trata seu piano - com amor!
Visivelmente emocionada
disse que o pai sempre fez tudo pra ela e que ela sempre o teve como um
ídolo... Disse ainda que, sabendo da insônia crônica que o pai sofria, por
muitas noites caminhou de mãos dadas com ele, enquanto a cidade dormia indiferente.
Naquelas noites, atenta, escutava as estórias do pai enquanto os
guardas-noturnos riscavam a madrugada com seus apitos de alerta.
Após estas afirmações, parou
por um instante e perguntou:
- João, será que meu pai
sentiria orgulho em me ver dirigindo um carro da Sanepar?
- Será que, além disso, estaria
grudado com meus filhos passeando por aí?
- Tenho certeza que sim –
respondi de pronto, Toninho sentiria orgulho de você em qualquer circunstância!
Ela disfarçou um leve
sorriso e, certamente, seguiu lembrando o chapelão e a capa preta com a qual seu pai flanava, ao seu lado, nas noites platinenses, tendo como testemunhas,
apenas, as estrelas do céu!
obrigado João...sem palavras para agradecer...aonde meu pai estiver, tenho certeza que ele é muito grato por vc existir em minha vida!
ResponderExcluirSem sombra de dúvida, o pai da Flávia, sentiria muito orgulho e muita segurança em ter um genro como você e uma filha como a sua esposa. Parabéns, suas crônicas são de tirar o chapéu!!!!! Você é o cara!!!! Bjs, Dóris
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