A chuva molhava
a cidade havia 15 dias, contrariando a meteorologia que sugere setembro como mês de estiagem e seca. Até as flores, anunciadoras da primavera, estavam encharcadas!
Naquele tempo, meu pai era carpinteiro... Nos dias chuvosos os trabalhos em madeiramentos e carpintaria eram escassos.
E atravessamos aquele setembro chuvoso, sem dinheiro, comendo arroz e caldo de fubá. Minha mãe, num ato de confiança e fé, esboçou o desenho de um sol no quintal e, dentro dele, quebrou um ovo, dizendo que era pra Santa Clara!
Naquele tempo, meu pai era carpinteiro... Nos dias chuvosos os trabalhos em madeiramentos e carpintaria eram escassos.
E atravessamos aquele setembro chuvoso, sem dinheiro, comendo arroz e caldo de fubá. Minha mãe, num ato de confiança e fé, esboçou o desenho de um sol no quintal e, dentro dele, quebrou um ovo, dizendo que era pra Santa Clara!
Lembro-me do
dia em que meu pai à mesa, com o coração esperançoso, nos prometeu:
- Assim que
eu receber o primeiro pagamento, depois da chuvarada, vou comprar carne pra gente comer!
Tão logo
recebeu o pagamento semanal, o velho José, num ensolarado 14 de setembro, me chamou pra ir com ele ao
açougue... Com a cabeça erguida e peito estufado pediu com voz altiva pro Seu Orlando do açougue:
- Pesa 3
quilos de coxão mole e corta pra bife, Seu Orlando, hoje quero dar um banquete pra minha criançada!
Quanta luta
o velho José peleou pra nos criar... Um guerreiro de coração ímpar e atitudes grandiosas!
Hoje, mais de quarenta anos depois, nesse mesmo 14 de setembro, percebo a ausência do velho José, mesmo assim sentiremos sua presença, e pra relembrar, irei ao supermercado e pedirei em voz alta:
- Por favor, pesa 3
quilos de coxão mole e corta pra bife, hoje quero homenagear meu pai!
Dizer o que de uma pérola dessa? Gostaria de ter escrito isso.
ResponderExcluirMuito tocante essa homenagem, fantástico, meu amigo!
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