Ontem à tarde retornei
cansado do trabalho. Esse final de inverno e esse zero por cento de umidade
relativa do ar teimam em minar minha resistência e ontem, decididamente, eu
estava esgotado. Por conta disso, logo ao chegar deitei no tapete da sala,
encostei a cabeça numa almofada e vi que passava um jogo de vôlei no canal 6.
Não gosto de voleibol, ainda mais dois times “frios” do frio leste europeu, acho um esporte monótono. É um interminável: saca – recebe – levanta – bate, ou melhor: pam - vup - pim e pum. Mas só o fato de não ter que assistir aqueles bispos, de fundo de quintal, operando “milagres” já é um avanço.
Não gosto de voleibol, ainda mais dois times “frios” do frio leste europeu, acho um esporte monótono. É um interminável: saca – recebe – levanta – bate, ou melhor: pam - vup - pim e pum. Mas só o fato de não ter que assistir aqueles bispos, de fundo de quintal, operando “milagres” já é um avanço.
Nunca tive e não tenho insônia, mesmo porque, ando com a vida bem resolvida e
quase tudo encaminhado, portanto a falta de sono era injustificável.
Para ajudar saquei (calma
não vou falar de vôlei!), da cabeceira, as Pérolas preciosas do Alcir Chiari e
pela quadragésima sétima vez iniciei a leitura do “Olha o Bucheiro”. Eu viajo
no tempo quando leio essa crônica, tem muito a ver comigo.
Eis que escuto o barulho de uma corneta e as batidas
das ferraduras de um cavalo contra o calçamento. Olho pela janela e vejo o senhor Ananias abrindo o baú de zinco de sua carroça rodeado por minha mãe Dona
Conceição, além da Dona Ondina, Dona Terezinha e Tia Luzia. Elas escolhiam minuciosamente
alguns miúdos de boi. Minha mãe comprou dois quilos de fígado e pagou com meia
dúzia de moedas douradas. As vizinhas também fizeram suas aquisições.
Seu Ananias montou na carroça e desceu Rua Brasil abaixo acompanhado por alguns
cães e gatos. Ainda dava pra ouvir, ao longe, o apito da corneta e o trotar do cavalo que desaparecia
no final da rua quando acordo assustado: o alarme do celular interrompe meu sonho anunciando que era
hora de levantar e seguir a vida!
Olho pela janela, ainda sonolento, e lembro
que os personagens se foram a mais de vinte anos. Saio para o trabalho e, em
frente à Casa de Carnes Castro, leio em um cartaz escrito à mão: “Promoção do
dia - Fígado de boi R$ 6,00 0 kilo!”
EM 1968 EU PROCURAVA UM CABRA QUE HAVIA ME APRONTADO UMA DESFEITA, NO BAIRRO CRISTO REDENTOR, JOÃO PESSOA, PB. UMA NOITE, DESCOBRI QUE ELE ESTAVA DORMINDO NUM CABIOLÉ DE TRAÇÃO ANIMAL (MUITO PARECIDO COM ESTA CARROÇA DA FOTO). CHEGOU A HORA DE LHES CAUSAR UM SUSTO. TRANQUEI A CARROÇA POR FORA, ARRASTEI-A, E A SOLTEI LADEIRA A BAIXO. NÃO DEU PARA MATÁ-LO, MAS LHES CAUSEI UM BAITA SUSTO.
ResponderExcluir