A velha castanheira, com olhos de piedade, mirava a capela, no mais
completo abandono – em ruínas.
Foram parceiras por quase toda a vida, cresceram juntas. Quantos casamentos, quantos batizados, quantas vigílias, quantas festas presenciaram?
Foram parceiras por quase toda a vida, cresceram juntas. Quantos casamentos, quantos batizados, quantas vigílias, quantas festas presenciaram?
A castanheira viu desfilar por ali elegantes senhoras com vestidos
de cambraia, que deixavam um suave cheiro de lavanda no ar... Viu senhores com ternos risca-de-giz, e crianças que, alegremente, sob sua sombra, ensaiavam brincadeiras de roda... Viu e sentiu charretes amarradas ao seu tronco...No mesmo tronco onde casais de namorados tatuaram amor eterno a canivete.
Os domingos ficaram para trás!
Hoje a castanheira não ouve
mais o sino anunciando a missa das sete, nem vê os fiéis, aos poucos, se juntando e falando sobre a lavoura, sobre a falta de chuvas e sobre a vida
alheia.
O tempo feliz passou! A lavoura
deixou de gerar o pão. Sem apoio, os rurais mudaram-se para a cidade e levaram
seus filhos, cavalos, charretes e os ternos risca-de-giz.
Sem seus fiéis o frei também teve que partir... foi dirimir os pecados de outras comunidades! A castanheira ficou só!
Vendo a capela em ruínas
sente vontade de chorar, mas lhe faltam forças. Tal qual a capela ela também envelheceu
– secou! Os cupins sugaram sua seiva e suas folhas caíram. Seu semblante ficou triste, com cara de eterno outono.
Deixou de gerar frutos, por conta disso, as maritacas tagarelas e infiéis, também se foram. Nem se lembra do último ninho que abrigou.
Deixou de gerar frutos, por conta disso, as maritacas tagarelas e infiéis, também se foram. Nem se lembra do último ninho que abrigou.
A capela não resistiu às intempéries e a castanheira talvez caia no próximo vendaval. Mas, que diferença isso
faz? O sol se apagou há tanto tempo!
lindo meu amor, vc está se lapidando a cada dia!!! parabens
ResponderExcluirnossa, quantas prosopopéias!!
ResponderExcluir