“ - Atenção passageiros da
Viação Garcia com destino a : Cambará, Andirá, Bandeirantes, Santa Mariana,
Cornélio Procópio, Jataizinho, Ibiporã e Londrina - dirijam-se à plataforma cinco
para embarque, ocupem seus lugares e tenham todos uma boa viagem!”
Era a aurora dos anos 70, eu engraxava sapatos na antiga rodoviária de Ourinhos e, a todo instante, meus ouvidos captavam o som dos ruidosos alto-falantes anunciando o momento das partidas, intercaladas com sucessos musicais da época. E, naquele tempo, falar de sucesso era falar de: Milionário e José Rico - com a manjadíssima “Estrada da Vida”.
O movimento dos coletivos intermunicipais e interestaduais, naquele tempo, era intenso e as filas de espera, por consequência, enormes.
Os bares, nas imediações - com suas estufas cheia de salgadinhos de qualidade e procedência duvidosa - sempre movimentados. Seus clientes era, em geral, gente da área rural que vinha às compras e se misturava em meio aos viajantes e às prostitutas com seus trajes extravagantes: laquê nos cabelos, bocas rebocadas com batom carmim, além dos bêbados contumazes.
Sem perceber, os locutores (aqueles dos alto-falantes ruidosos), anunciavam, além dos simples embarques, que era o momento de visitar um parente distante. Anunciavam uma nova etapa da vida em outras paradas. Anunciavam, talvez, um encontro para repartir e compartilhar corações solitários.
Pelos olhos de minha caixa de engraxar eu enxergava nos olhares de alguns passageiros a alegria de buscar novos desafios em novos destinos, bem como, enxergava medo em olhares sem brilho e sem motivação. Alguns viajavam em busca de um futuro melhor, outros, viajavam para fugir do presente, tentando quem sabe, esquecer erros do passado.
Além dos pedaços de flanela, escovas e latas de Nuggett (preta, marrom e incolor) eu levava, num cantinho, dentro de minha caixa, meus sonhos e ilusões, apesar do meu coração pré-adolescente.
O mundo seguiu seu curso natural, entre embarques, encontros e desencontros. Apesar dos solavancos eu cresci e, com o avançar da idade, tive que abandonar minha caixa de engraxar, mas, tirei de dentro dela as boas lições, e uma puta vontade de ser feliz.
Tenho certeza que muita gente saiu do banco de passageiros e tomou a direção da própria vida, outros (os olhares sem brilho) se perderam pelo caminho.
Durante o meu percurso, sonhos realizei, afirmo sem medo de errar que encontrei a felicidade.
Derrotas e decepções? Ah, dessas eu já me esqueci. Aliás, nem tive tempo pra ficar calculando a altura dos meus tombos!
Era a aurora dos anos 70, eu engraxava sapatos na antiga rodoviária de Ourinhos e, a todo instante, meus ouvidos captavam o som dos ruidosos alto-falantes anunciando o momento das partidas, intercaladas com sucessos musicais da época. E, naquele tempo, falar de sucesso era falar de: Milionário e José Rico - com a manjadíssima “Estrada da Vida”.
O movimento dos coletivos intermunicipais e interestaduais, naquele tempo, era intenso e as filas de espera, por consequência, enormes.
Os bares, nas imediações - com suas estufas cheia de salgadinhos de qualidade e procedência duvidosa - sempre movimentados. Seus clientes era, em geral, gente da área rural que vinha às compras e se misturava em meio aos viajantes e às prostitutas com seus trajes extravagantes: laquê nos cabelos, bocas rebocadas com batom carmim, além dos bêbados contumazes.
Sem perceber, os locutores (aqueles dos alto-falantes ruidosos), anunciavam, além dos simples embarques, que era o momento de visitar um parente distante. Anunciavam uma nova etapa da vida em outras paradas. Anunciavam, talvez, um encontro para repartir e compartilhar corações solitários.
Pelos olhos de minha caixa de engraxar eu enxergava nos olhares de alguns passageiros a alegria de buscar novos desafios em novos destinos, bem como, enxergava medo em olhares sem brilho e sem motivação. Alguns viajavam em busca de um futuro melhor, outros, viajavam para fugir do presente, tentando quem sabe, esquecer erros do passado.
Além dos pedaços de flanela, escovas e latas de Nuggett (preta, marrom e incolor) eu levava, num cantinho, dentro de minha caixa, meus sonhos e ilusões, apesar do meu coração pré-adolescente.
O mundo seguiu seu curso natural, entre embarques, encontros e desencontros. Apesar dos solavancos eu cresci e, com o avançar da idade, tive que abandonar minha caixa de engraxar, mas, tirei de dentro dela as boas lições, e uma puta vontade de ser feliz.
Tenho certeza que muita gente saiu do banco de passageiros e tomou a direção da própria vida, outros (os olhares sem brilho) se perderam pelo caminho.
Durante o meu percurso, sonhos realizei, afirmo sem medo de errar que encontrei a felicidade.
Derrotas e decepções? Ah, dessas eu já me esqueci. Aliás, nem tive tempo pra ficar calculando a altura dos meus tombos!
Eu também vivi isso,
ResponderExcluirEu era engraxate como o Marreco...
Minucci
Parabéns João Neto! Apesar de ter nove anos em 70 lembrei de tudo que vc escreveu nessa crônica!
ResponderExcluirBoas lembranças, João.
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