sábado, 7 de fevereiro de 2015

BREVE MOMENTO DE PAZ

As flores, os punhais, os batons, tudo, absolutamente tudo, foi engavetado... As mortes cessaram, por conta disso dispensaram os serviços dos maquiadores de defuntos... Flores deixaram de enfeitar funerais - hoje decoram presépios... Punhais deixaram de correr sangue.

A gangue da esquina converteu-se em grupo de oração - hoje pulverizam cânticos gregorianos. Dinheiro e outros metais saíram de circulação, faz tempo... O desaparecimento do papel moeda decretou a falência dos banqueiros e os transformaram em ceramistas de porcelanas encantadas... As gaiolas foram derretidas em alto-fornos ultra-potentes... Os pássaros redescobriram o dom de voar - estão menos apáticos, mais coloridos e falantes.

Sem clientela os botecos encerraram suas atividades, já não comercializam álcool ou outras drogas menos legais... Seus frequentadores dispensaram os cd’s de funk e sertanejo universitário. No lugar dos antigos bares foram instalados os CTH’s (Centros de Tradições Humanas) instituições que, ao som de harpas orientais, buscam a preservação do lado humano dos humanos.

Além dos banqueiros, o fim da moeda corrente desintegrou as classes políticas e por consequência os políticos... A meia dúzia de políticos do bem criaram uma cooperativa de voluntariado, além disso, se dedicam à criação de peixes coloridos que, na verdade, não sabemos pra que finalidade.

Dizem, as más línguas, que os maus políticos (noventa e sete por cento do total) se mudaram para o continente ‘Scaminosflow’ criando naquela ilha a “República de Los Cuervos”, a bandeira do novo país carrega a pigmentação das Ferraris e tem, no centro simétrico da flâmula, um urubu com uma estrela no lado esquerdo do bico.

A humanidade, hoje exorcizada de todo mal, nem acredita nessa calmaria paradisíaca. Pacificação sem revolução, tampouco derramamento de sangue... De repente a humanidade se assusta com a paz que tanto esperou e sonhou... Alguns catedráticos afirmam que a simples sublimação da alma humana foi a causadora de todo o bem.

Seis e quinze da manhã... O despertador do celular avisa que é hora de acordar.

Bom dia!