sábado, 28 de setembro de 2013

VESTIDO DE BOLINHA

Devido ao sucesso do vestido cor de rosa, no ano passado, a Flávia passou a semana se arrumando para o “Jantar Dançante dos Leões - Anos 60”.

Comprou laquê, mandou fazer vestido de bolinha, providenciou sapatos com laços cor de rosa - a mesma cor da fita de cambraia pra amarrar os cabelos. 

Ensaiou cento e quarenta e quatro passos de “twist”... Decorou todo repertório da Celi Campelo... Tá certo que decorar “Banho de Lua” e “Estúpido Cupido” é mole, mas pra quem esperou pelo evento o ano inteiro, qualquer excesso, Deus perdoa.

Pra mim, mandou fazer uma jaqueta branca, gola alta, toda tacheada, bem Elvis mesmo... E para disfarçar o topete, que não tenho, me apareceu com um chapéu de marinheiro, tão ridículo que quase pedi o divórcio, por fim, aceitei – e não aceita pra ver!

Ventava horrores, temi que seu laquê ruísse à força dos 104 kms/hora... O tempo estava carrancudo, e com os convites em mãos saímos, não sem antes dar a última borrifada no Lancaster!

Eis que toca meu celular – era o técnico da agência avisando que metade da cidade estava sem luz.

Tirei a fantasia do Elvis e vesti minha vestimenta antichama. Busquei meu parceiro, abrimos o turno/noturno, e saímos fechando chaves, cortando árvores, emendando cabos e reconstruindo redes.

Varamos a noite... O que podia ter sido feito - foi feito... Quase todos com luz... Daqui pra frente a tarefa seria das equipes de manutenção, para rasgar o barro e plantar outras estruturas.

Chego em casa antes das 5 da manhã, minha bailarina dos “anos dourados” dormia feito um anjo no sofá vermelho, enquanto a luz da televisão refletia seu vestido de bolinha e os convites enrolados na mão direita.

Tomo meu necessário banho, desamarro seus sapatos de laços cor de rosa, falo bem baixinho no seu ouvido: 

- Vamos meu bem, já é tarde!

Tomo-a nos braços, e sigo para o quarto – era hora dos cometas do Bill Haley entrarem em ação!

A parte relatável do vendaval termina aqui!

O jantar dos "Anos 60", infelizmente, só no ano que vem...


sexta-feira, 20 de setembro de 2013

“A CULPA É DE QUEM ERRA”

O título é uma frase do jovem filósofo: Matheus Bandeira... A afirmação do rapaz beira a obviedade, com ares de redundância, mas não é!

O Supremo Tribunal Federal, numa lamentável votação, decidiu por novo julgamento dos malditos “mensaleiros”, com base nuns tais “embargos infringentes” (são iguais aos lactobacilos vivos - ninguém sabe o que é!).

Decretaram o fim da cegueira da justiça... Hoje, tenho absoluta certeza que, a deficiência visual da justiça não passa de uma suave miopia... Nada que um par de óculos não resolva... Para enxergar dinheiro verde, então, é uma beleza.

No momento em que estamos praguejando os juízes do STF, entregando-lhes o bastão e todos os ônus da culpa, desejando que todos morram e queimem eternamente no fogo do inferno, é mais que necessário darmos um tempo...

Comecemos a refletir:

- Quem os nomeou para este tribunal... Não foram os políticos que estão no poder?

- E vocês acreditam que os políticos que estão no poder iriam nomear, para tais funções, algum cidadão que não comesse em suas marmitas?

Pois bem... voltando ao filósofo Matheus... “A culpa é de quem erra”, os políticos estão “na deles” – fomos nós que os elegemos - fomos nós que erramos, logo, a culpa é nossa.

Definitivamente o cupim corroeu o cerne das instituições...

Partidos políticos, todos os partidos - independente da sigla - PT, PSDB, PCC e PQP - se transformaram em verdadeiras quadrilhas, e com um único objetivo: roubar! 

Essa podridão me levou reler a biografia do General Ernesto Geisel - a que ponto cheguei... Pensar que fardas podem ser a salvação!

A revolta é tanta que me esqueci: Ivete Sangalo cantou no Rock’ in Rio (puta que pariu!)... Esqueci, inclusive, que amanhã começa a primavera...

E que venham as margaridas!


terça-feira, 10 de setembro de 2013

CAMPARI COM HORTELÃ

Belezas que não se excluem... Lua e Vênus combinaram ir pra balada...  Vestiram minissaias pretas, batom azul sangue, blusas decotadas e pousaram no céu escuro.

O poeta, eu e todos que estavam ao sul da linha do Equador, com as digitais em punho, lançamos flashes de tudo que é lado.

Exibicionistas, insistiram em girar por todo o céu - por toda noite. 

A Lua, com seu dragão tatuado no ombro esquerdo, sem São Jorge ou espada, sorria desvairada, parecia ter tomado Campari com hortelã... Estava linda, exalando Chanel, como as rosas na sala de espera do ginecologista para o teste de papanicolau... Vênus estava discreta, não nas vestimentas, mas nos risos. Quando sentou, sem querer, deixou à mostra a calcinha, da mesma cor do batom... Tinha uma pinta prateada no canto esquerdo da boca.

O poeta tinha razão: Lua e Vênus estavam absurdamente lindas... Vestidas para matar, glamourosas e profanas – E que brilho bacana!

Despudoradas desfilaram até tarde da noite, provocaram sem dizer o preço... Foram vistas, pela última vez, no fim da madrugada... Não traziam mais o brilho das vinte horas. Quase apagadas, estavam mais pra mamangava do que pra surfistinha... Depois se esconderam na sombra esverdeada do dia.

Não deixaram nenhuma notícia ou mensagem no “face” tipo: partiu universo!

Não deram a mínima para nós... No fundo, o que elas queriam, mesmo, era encantar o Sol!


sábado, 7 de setembro de 2013

INDEPENDÊNCIA

Mesmo tendo deixado os despertadores digitais desligados acordei, nesta manhã, com uma brisa fria, típica de final de inverno, que insistia em entrar pelas frestas da Sasazaki... Tremularam insistentemente a cortina lilás e, o pior, me acordaram!

Ainda tentei virar do lado e adormecer de novo, tentativa em vão: os atabaques, surdos e repiniques das escolas ecoavam desde a avenida principal... Nossa! esqueci, hoje é 7 de setembro! Dia de desfile cívico e tudo mais!

Quantas vezes, nos setembros de outrora, perfilei verde-oliva e bati continência para infelizes generais... Saudamos, em 79, uma independência comprada a libra esterlina e comemoramos a liberdade sob chicotes e cavalaria... Oh liberdade! Por que não abristes as asas sobre nós?

Mudaram os governos e continuamos apanhando feito cachorro sem dono, a liberdade sonhada não passou de ilusão. 

Hoje batemos continência para antigos guerrilheiros e seus “genoínos” pares: articuladores, mensaleiros, ladrões, entre alguns ali-babás! Trocaram o verde-oliva pelo vermelho! Que diferença faz a cor da farda capitão Fidel?



Vende-se a liberdade de um país por dois milhões de libras, com direito a grito de independência, príncipe regente, algumas AR’s 15 e médicos cubanos. 

Pobre Brasil, colônia de bandos armados, ontem, hoje, e para todo o sempre!

domingo, 1 de setembro de 2013

UM DIA DE SOL PARA O POETA

Ainda que uma viagem para a capital paulista não me seduza... Ainda que o trânsito paulistano me tire do sério... Desta vez a causa era nobre... Mais que nobre - divina!

Imagina que você fosse um músico “principiante” e recebesse um convite para ir ao lançamento do novo álbum do Ivan Lins, por aí dá para dimensionar a importância do convite... E eu, meus caros mortais, recebi um convite para ir ao lançamento, do segundo livro, do poeta Santana Filho...

Quebrei juramentos, sufoquei o medo e seguimos rumo ao Planalto de Piratininga. 

Por volta das sete da manhã, entramos na rodovia Castelo Branco, e seguimos, desejando que aquele tempo preguiçoso pudesse se transformar num lindo dia de sol... Cumprindo nosso desejo o sol se vestiu de soberano, com direito, inclusive, aos cliques nos paraquedistas despencando dos céus de Boituva!

E foi assim... Dentro do coração de São Paulo nos deparamos com um sublime poeta, distribuindo sorrisos, Beijinhos e autógrafos... Desejamos sucesso, alguns cliques para registros e a certeza de que a vida nada mais é que o reencontro com almas, do bem, que nos segue pela eternidade!

Justamente no último dia do mês de agosto, completo a trinca de pessoas que, pela divindade, todos nós deveríamos conhecer: o florista, o vendedor de algodão-doce e o poeta!

Ah, o sol que se esparramou por todo o sábado era exclusivo do poeta, era seu brilho, era sua luz!


E que venha setembro, José Santana Filho!