Quantos atropelos, quanta
correria desnecessária a ponto de canibalizar momentos. Nem, ao menos, prestei atendimento
emergencial, e esses momentos ficaram para trás, agonizantes, enquanto eu segui
minha correria desenfreada. Corria tanto que, às vezes, me faltava fôlego.
Ocorre que somos mutantes...
Não falo dos mutantes dos filmes de ficção, que ejetam monstros de tudo que é
poro... Somos mutantes na versão 'revisão dos conceitos': adaptáveis,
recicláveis, ajustáveis e passíveis de adequação.
Eis que chega a metamorfose
pretendida... Momento da pausa, do respirar profundo, do sentir a brisa
escorrendo telhados e da chuva beijando vidraças.
Agora estás aqui... Hora de
‘curtir’ a vida e compartilhar a posse definitiva da felicidade. Não corro
mais, encontrei o lado que me faltava... Hoje saboreio e calculo cada passo,
experimento seus passos, piso com eles. No instante em que mudas o passo, as
coisas passam, nossos passos passam, siameses - lado a lado, e deixam pegadas
no cimento molhado.
Eu, ainda lagarta, te convido
a me ensinar voar, borboleta. Minha vida agora é sua, vamos sair por aí e surfar
nossos sonhos... Vamos flanar por rios de espuma, caminhar avenidas e colher
sempre-vivas. Sinta minha mão na tua mão... Percebe? Está viva, deliciosamente
viva!
Agora, encoste sua cabeça no
meu peito, vou fazer silêncio, prometo... Ouça apenas o batuque do meu coração:
tum-tum tum-tum tum-tum...