segunda-feira, 28 de abril de 2014

ESPELHO MEU

Ainda com o gosto do Colgate mentolado na boca, olhei pelo basculante do banheiro e percebi o sol se esbaldando na água azul da piscina... Ouvi o grito do bem-te-vi anunciando, além do novo dia, quem mandava no quintal e, após as devidas abluções, diante do espelho de meia-parede, troquei uma ideia comigo mesmo, e falamos dos 5.7 completados em abril.

Reclamei, ao espelho meu, a falta dos cabelos que, aos poucos, foram desertando, feito a melanina que os descoloriram... Minha pele perdeu a textura e as letras diminuíram diante do meu olhar, justo eu, fiel seguidor das boas escritas.

O espelho, interrogativo, me interpelou... Ponderou sobre as vitórias alcançadas... Foi taxativo (tipo: "quem te viu e quem te vê") ao lembrar dos meus tempos de engraxate na antiga estação rodoferroviária de Ourinhos... Esfregou na minha cara os bens patrimoniais, a mesa abastada, o trabalho na maior empresa do Paraná, os filhos fantásticos e a doce namorada - companheira de viagem.

O espelho meu, lembrou os amigos que comigo peleiam e as raras derrotas, que serviram para lembrar que não somos perfeitos, mas, passíveis de falhas que, por vias tortas, contribuem para o crescimento como ser humano, ciente das limitações, porém, com fantástica capacidade de adaptação e reação.

O espelho meu encerrou a conversa no momento em que falou da presença de Deus no meu coração!

Tive que dar razão ao espelho meu... Realmente, muito pouco a reclamar... Foram muitas, claras e contundentes vitórias, ainda que tenham vindo aos quarenta do segundo tempo, talvez por isso se fizeram tão especiais.

Há tempos perdi o medo dos desafios... Meu próprio medo que, em alguns trechos, tentou canibalizar minha coragem... Hoje observo tudo com olhar desafiante e pronto para prosseguir.

O apito dos 57 me convida para novos desafios... 

Sigo em frente, enquanto a felicidade marca a cadência!


sexta-feira, 18 de abril de 2014

APENAS QUATRO POR CENTO

Não acredito no homem na Lua... Não acredito em partido político... Não acredito nas viciadas loterias da Caixa... Não acredito em urna eletrônica e, também, faço parte dos quatro por cento que duvida da inviolabilidade daqueles que, por ora, estão no comando.

O homem na Lua foi uma cartada americana, quando da guerra fria... Aquela babaquice já conhecida em conquistar o espaço e mostrar aos soviéticos: “é nóis”! O cenário, armado no Deserto de Nevada, é que não me engana de jeito nenhum! Na Lua não tinha oxigênio, consequentemente não tinha vento para tremular esta "linda" bandeira. 

Partido político, no Brasil, é apenas praxe para definir em que quadrilha o político está inserido, nada além!

As loterias da Caixa são, sem medo de errar, o maior sistema de lavagem de dinheiro de políticos e apaniguados do governo, e ponto final!

Urnas eletrônicas – antes alardeadas como avanço tecnológico, e modernidade eleitoral, hoje, apenas instrumento de manipulação de resultados... Se conseguem invadir os arquivos do FBI, imaginem se não adulteram resultados nessas “urninhas” de 1,99.

Faço parte dos que não ingerem álcool e dos quatro por cento que acreditam, desesperadamente, na primavera!

terça-feira, 1 de abril de 2014

QUEM QUER LAMBER A COLHER?

Hoje, sem querer, lembrei que minha mãe era cozinheira de mão cheia... Não uma cozinheira de pratos sofisticados, mas, uma cozinheira de pratos criativos.

Nosso apetite não permitia que mamãe arriscasse pratos demorados - aqueles que no final de cada passo vem a observação: reserve! 

Nossos recursos não permitiam pratos afrancesados - aqueles que se faz biquinho pra ler os ingredientes.

Mamãe, com uma simples abobrinha - cambuquira - cebolinha de cheiro e ovo, criava verdadeiros banquetes.

Agorinha, me veio à mente, e ao paladar, o bolo de banana que minha mãe fazia... Era de uma delícia só... Parecia derreter na boca, tinha um quê de divindade, tinha gosto de nuvem colorida.

Ficávamos nós, caçulas, assistindo todo o ritual de criação do bolo, desde o untar da forma, do corte simétrico das bananas, da calda do açúcar queimado e da massa que ela despejava sobre tudo, até o levar ao forno.

Minha mãe era, acima de tudo, conhecedora das nossas vontades... Sempre deixava umas cinco colheres mergulhadas na massa e, sabendo de nossa reação, perguntava provocativa:

- Quem quer lamber a colher?

Levantávamos a mão, todos, simultaneamente, e cada um recebia sua colher generosamente lambuzada de massa... Naquele instante sentíamos a doçura do açúcar, sentíamos a doçura da vida, sentíamos a doçura de mamãe!

Hoje, depois de bater a massa do bolo, e me vendo observando com o olhar comprido, minha esposa gritou:

- Quem quer lamber a colher?

E trouxe o talher lambuzado de massa, sorrindo! Apesar da saudade, apesar da ausência de mamãe - naquele instante, percebi que a vida continua doce, continua com gosto de céu!