sábado, 13 de junho de 2015

"UM SONHO DE COLCHÃO"

Contam os ourinhenses mais antigos que, no início dos anos 60 havia um senhorzinho, “Seu” Armando, pelas bandas da Vila Musa, na época um bairro pobre - quase rural – abarrotado de olarias, margeado pelo Rio Paranapanema e cortado pelos trilhos da Rede Ferroviária Federal. Este homem, segundo os vizinhos, era cheio de ideias mirabolantes, inventivo, enfim, meio “maluco”... Toda manhã arreava seu burro, amarrava na carrocinha e saía cantarolando, pra cortar capim naquelas beiras de estrada. 

O capim ele secava ao sol e, após isto, amarrava-os em feixes, atava uns aos outros e, por fim, após ensacá-los, criava confortáveis colchões de capim. 

O sonho daquele matuto era criar um colchão que fosse aconchegante como um ninho de pássaros e macio feito um novelo de lã. Vale lembrar que, por vezes, o ‘fabricante’ do colchão de capim, serviu de chacotas para os desinformados daquele lugar.

Seu filho Hélio, vendo a trabalheira que seu pai tinha para confeccionar os colchões, começou procurar materiais mais acessíveis e modernos: algodão, molas de aço e por fim o tal poliuretano (espuma). Devo dizer que, do capim à espuma, nascia em Ourinhos, uma das maiores indústrias de colchões da América Latina. Um gigante do setor, com comprovada qualidade internacional.

Ontem, retornando de Curitiba, pela BR 376, ao ver o nome da cidade na placa de um caminhão, me bateu uma baita saudade de minha infância em Ourinhos. Além da placa, observei escrito, em letras garrafais, no baú de alumínio: “CASTOR – Um sonho de Colchão”.  Um grande orgulho ourinhense!

Ali, à minha frente, seguia o sonho de um senhorzinho simples, lá da Vila Musa – Seu Armando. Por vezes taxado de louco, porém, na verdade, um grande trabalhador – um entusiasta - dessas pessoas guerreiras que, além de positivista, ainda que, cortando capim na beira da estrada, ousou construir um império.

Portanto, meus amigos, se ao passarem por uma estrada qualquer e observarem um caboclo humilde, assobiando, debaixo de um surrado chapéu de palha, enchendo uma carrocinha com capim, não duvide, ali pode estar nascendo um sonho possível: um colchão aconchegante feito um ninho de pássaros e macio feito um novelo de lã - um sonho de colchão! 

Um comentário:

  1. Nossa, Marreco

    é verdadeira esta história? O nome do dono do colchão castor era Hélio mesmo!
    Parabéns!

    Minucci

    ResponderExcluir