segunda-feira, 5 de maio de 2014

OS SONS DA CIDADE

Uma coisa bacana do domingo de manhã é o cheiro do pão saindo do forno, na padaria em frente, além disso, o açougue da esquina já encheu a “televisão de cachorro” com os indispensáveis frangos recheados que, por sua vez, além dos infinitos giros de 360º, emanam outro delicioso cheiro de fome.

Se os cheiros e recheios do domingo são agradáveis não podemos dizer o mesmo dos “testemunhas de Jeová”, que, madrugaram em pleno domingo pra arrebanhar e vender uns panfletos recheados, não de farofa - mas, de salvação:

- Obrigado meu senhor, hoje não, sou uma ovelha desgarrada e já tenho minha convicção espiritual!

Uma vez livre dos “Jeovás” imaginei o domingo tranquilo: um barquinho navegando em águas calmas...

Puro engano!

Antes mesmo que o boteco abrisse as portas já havia um sujeito com o boné virado pra trás, dentro do seu impecável Escort 85, aguardando para beber a décima oitava cerveja da manhã, curtindo os 98 decibéis de potencia de som, ouvindo um sertanejão universitário, intercalado com a fala insuportável de um locutor de rodeios... Tão logo comprou as cervejas (ainda bem!) se mandou cantando os pneus... Ainda deu pra observar, no vidro traseiro, um adesivo do Corinthians com a mensagem: “Fuiiiiii...”.

Quando meus tímpanos respiraram aliviados, no mesmo local estacionou outro veículo, com as mesmas características, interiores e exteriores, e mesma potencia de som, variando apenas o gosto musical... No lugar do sertanejo universitário, o corintiano da vez, ouvia funk-pancadão...

Música ruim tem a capacidade de encalacrar no cérebro da gente, com isso, fiquei horas com aquele tuch... tuch... tuch, na cabeça.

Pra fechar o domingo fui dormir lembrando dos “versos” gritados pelo locutor de rodeio:

“- Morena casa comigo que você não passa fome, de dia você come a cobra, à noite a cobra te come!


Tem horas que é melhor ser surdo!

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