sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A PRINCESA E O PEDREIRO


Quanto nessa vida, teremos que sofrer para encontrar a passagem para o paraíso? 

Qual a dimensão do sofrimento que teremos que suportar?

Aquela menina nasceu com um pequeno desvio no pé, nada aparente ou que comprometesse seus passos. Deus decidiu que em seus olhos seria aplicado o mais lindo verde/anil disponível. 

E assim se fez Genoveva: uma linda menina  com olhos de luar.

 Ela cresceu e, seu olhar de princesa, habitava os sonhos da rapaziada, mas, o coração e o amor se abriram para João Benedito da Cruz ou, simplesmente, João!

 Tava aí a primeira provação: se relacionar com um jovem extremamente pobre! Quantas discriminações! Quantos olhares atravessados!

Namoraram, noivaram e se casaram.

 João era tão humilde quanto trabalhador.  Suas mãos construíam edifícios e sua mente construía um castelo de sonhos. Sonhava formar família.

Num distante fim de dia seguiram para São Paulo. 

Trabalhar era preciso e buscar a independência também.

 Além dos calos nas mãos João levava consigo raça e fé, por conta disso, rapidamente empregou-se numa grande indústria metalúrgica.

Começava ali a realização dos sonhos. O primeiro filho, Reinaldo, viria ao mundo no ensolarado verão de 1970.

 Veio então o segundo golpe: João, vítima de acidente de trabalho, perde a vida no chão da fábrica, morreu como morrem os heróis – lutando!

 Sozinha na cidade grande, e sabendo das dificuldades enfrentadas pela família no interior, com a indenização do valente João, compra uma casa e leva pais e irmãos morarem com ela. Esse gesto, além do teto para a família, foi uma demonstração de respeito aos seus consanguíneos. Nos dez anos seguintes, criou o filho Reinaldo além de ter sido o abrigo que todos necessitavam.

 Mas a princesa, agora com pose de rainha, ainda habitava o imaginário dos rapazes. Casou-se com outro ser humano da maior qualidade, Luis Mendes, com quem teve mais três filhos: Luciana, Juliana e Anderson.

Contra a vontade de todos, algum tempo depois, separaram-se!

Veio o terceiro golpe: Suportar o julgamento da família por sua separação!

 Os filhos foram crescendo e cada um lutando com as respectivas dificuldades da vida. E vieram os netos!

 Aquele pequeno desvio no pé, após anos, agravou e tornou-se um problema crônico.

 Quanto aos seus parceiros posteriores é melhor que nada se comente, afinal, penso que nada acrescentaram. Nada que mereça registro ou citação!

 O golpe maior veio com um acidente vascular cerebral, que lhe roubou os sentidos e, cem dias depois, sua vida.

 Sinceramente peço que nos perdoe se a ofendemos, Genoveva! Você, durante anos, foi nosso teto e nosso abrigo.  Espero que o mesmo Deus que a viu sofrer, encaminhe nosso pedido de perdão.

 Obrigado por ter colocado em nossas vidas o Reinaldo, que tal qual seu pai, aquele pedreiro humilde, é exemplo de luta, coragem e perseverança. O adotamos como irmão caçula.

E que você, eternamente, esteja com Deus!



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