sábado, 15 de dezembro de 2012

AMOR, INCONDICIONAL AMOR!


Passava das duas da manhã quando toca meu celular informando falta de luz no Velório Municipal. Liguei para o meu parceiro e seguimos atender a reclamação.

Ao chegar notamos apenas o vigilante nos aguardando. Ele pediu desculpas por ter ligado, mas justificou, dizendo que um corpo estava sendo velado na sala um.

Estranhamos pois não vimos ninguém, além do vigilante e da escuridão. 

Restabelecemos a energia e percebemos uma senhora de meia idade, melancolicamente solitária naquela penumbra, com o corpo estático ao lado de um humilde caixão.

Entre lágrimas, ela, suavemente, passava a mão na testa do defunto e murmurava:

- Meu filho, por que fizeram isso com você?

Naquela sala, além da mulher e do seu filho morto, como testemunha, apenas Cristo crucificado, num pedestal de ferro niquelado, sem flores nem ornatos à luz de preguiçosas velas.

Lembrei que no dia anterior, um jovem havia sido assassinado por traficantes, a golpes de facão, na última rua da Vila São Luis.

O guarda ainda classificou o adolescente como “tranqueira”; sem deixar de exclamar:

- Foi uma limpeza, esse não dará trabalho para mais ninguém!

Tenho certeza que essa mulher jamais pensou em ter filho bandido; ainda que tenha falhado na sua educação, mas isso não vem ao caso. As lágrimas que agora vertem é o retrato do amor que classifico como: incondicional!

Diante da morte de um filho qualquer mãe chora, mesmo que seja um amor bandido. Esse foi o filho que ela conseguiu criar e amar.

Como qualquer mãe ela também acordou várias madrugadas para fazer mamadeira para o filho. Tenho certeza que ela correu para o médico quando o termômetro passou dos 38 graus. Acredito que ela, também, guardava uma caixinha com remédios para eventualidades.

Não duvide que, em noites de inverno, ela foi ao quarto do menino para cobri-lo. Ela, como todas as mães, também pulou de alegria quando o filho engatinhou e andou pela primeira vez e, pela primeira vez, pronunciou “mãeeeee”!

Nesse drama todo, só não me perguntem do pai, sinceramente não sei!

Jamais duvide do amor de uma mãe! As mães são presentes de Deus!


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