sábado, 19 de janeiro de 2013

CINQUENTA TOMBOS DE PINGA!


Família grande é uma benção, acredito! Porém, quanto maior a família, maiores serão as dificuldades para enfrentar as batalhas do dia a dia. E olha que não estou falando apenas das necessidades básicas, falo também, das divergências de opiniões e incompatibilidades gerais.

Nós, dezesseis filhos do José e da Conceição, não somos diferentes das famílias numerosas; uns gostam do vermelho, outros do azul! Uns detestam quiabo, outros adoram (eu, por exemplo).

Assim seguimos nossos caminhos e cada qual buscou, e continua buscando, a felicidade a seu gosto e a sua maneira.

Se todos somos felizes? Eu diria que isso é utopia, porém, afirmo que todos tiveram seus momentos felizes.

Um de meus irmãos morreu, melancolicamente, de tanto beber. Estreitou de tal maneira o relacionamento com o álcool que acabou sucumbindo. Destruiu a vida, mas antes disso, passou por todo aquele processo de decadência, resignação e cinquenta e tantos tombos no chão. Um dos últimos vexames, desse rapaz, foi na noite em que: embriagado como sempre, e com fome como nunca, acabou por fritar um bife e comê-lo com arroz-doce!

Dá pra encarar? Comeu bife acebolado com arroz-doce! O álcool havia deteriorado seu paladar, além de sua capacidade comportamental.

Eu não bebo e não gosto de bebida alguma – mas isso é questão pessoal e, beber socialmente (ter controle sobre a bebida), que mal tem?

No último réveillon ficamos preocupados com nossa irmã caçula (caçula com 57 anos é pacabá!). Compramos daquela cerveja da lata grande. A cerveja, como dizem os cervejeiros estava “estupidamente gelada”, com aquele suor escorrendo na lata – fiquei com vontade de tomar - até eu!

Minha irmã bebia feito cavalo com sede e, após deglutir seis ou sete daquelas latas sedutoras, sentou no sofá e apagou! Não viu os fogos de artifício anunciando o término do ano velho, nem os primeiros apitos de 2013.

Ela não respondia a qualquer chamada ou estímulo, o que nos obrigou a levá-la para o hospital (temíamos por um AVC). O médico que a atendeu, mediu a pressão arterial, verificou pulso e examinou as pálpebras afirmando:

- Não é AVC não, é bebedeira mesmo! Nisso ela começou a recobrar a consciência, gungunando algumas frases desconexas. O médico, atencioso, antes da infusão intravenosa com solução isotônica de glicose, fez a pergunta de praxe:

- A senhora é diabética? Ela, com a língua travada e enrolada, respondeu:

- Não senhor, sou cuiabána! Isso mesmo, cuiabana com acento agudo!

Pois bem, minha irmã, por você se achar cuiabana nós até perdoamos, mas passar o dia de ano com baby-dol monocromático (tipo zebrinha) não tem perdão!

E vê se não bebe mais!



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