sexta-feira, 8 de novembro de 2013

ESCOLAS RURAIS

Hoje, pela manhã, ao executar serviços na rede elétrica, do lado da escola da Fazenda Paraíso, senti falta das crianças que, quando me viam, acenavam e sorriam pelas ventanas das janelas... Estabanadas saíam ao pátio e aprontavam uma verdadeira festa, sem contar o questionário verbal ao qual eu era submetido, mesmo em cima do poste: 

- Você não tem medo de cair?... Por que passarinho não toma choque?... Sua roupa não é muito quente?... Você já levou choque?... Pra que esse monte de cordas? 

Aos olhos daquelas crianças eu era um quase-herói!

Éh, eu havia me esquecido, as escolas rurais do município foram desativadas há muito tempo.

“Especialistas” em educação, através de atas e portarias, julgaram que tais escolas eram “inviáveis”... Talvez a falta de educadores para as localidades rurais, ou, falta de recursos para manutenção das estruturas escolares, ou, sei lá... Desculpas, injustificáveis, é o que não faltaram.

Retiraram as crianças do habitat natural, colocando-as dentro dos ônibus escolares e despejando-as num mundo estranho, a cidade.

Por uma questionável economia, desintegraram o ambiente saudável da relação: pais x professores x comunidades rurais... Um mundo que tinha vida própria, alicerçada no respeito dos pais e dos alunos, para com os professores.

Decretaram o fim do bolo caseiro, dos presentes e das flores ofertadas às professorinhas, e, principalmente, o fim da “carta branca” dada aos educadores: Se fizerem “arte” pode “puxar as orelhas”... Ai da criança que ousasse desrespeitar um mestre, em casa, o “couro” comia! As professoras eram tratadas como criaturas divinas, quase-fadas!

Estudar na cidade, a princípio, parecia uma Disneylândia colorida, mas na verdade, trata-se de um mundo hostil, de desrespeito humano, sem afetividades, exposto à bandidagem e a decadência educacional!

Os pais não levam mais seus filhos, no lombo do burro, ou de carrocinha, para a escola... Não mais se vê as crianças amassando barro rumo à escolinha, nem atirando pedra no riacho e voltando, alegremente, para casa.  “Especialistas” decretaram o fim da inocência, o fim da felicidade!

Hoje, pela manhã, ao executar serviços na rede elétrica, do lado da escola da Fazenda Paraíso, senti falta das crianças brincando... Senti falta de mim...



9 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Chorei Marreco, chorei!

    Minucci

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    1. Valeu Carroça, você conhece isso melhor que eu! Abraços

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  3. pois é, meu bem, como nós sempre comentamos, as crianças de hoje recebem tudo mastigado, talvez por isso a falta de valor no que realmente é importante!

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  4. É Jão ... diz que homem não chora, mas lendo esse poema, não consegui segurar as lágrimas. Que saudade da escolinha rural, lá as pessoas se respeitavam, numa conversa com qualquer um que fosse, o filho falasse algo, os Pais só olhavam pro filho, e não precisava falar mais nada, não era essa modernidade de hoje, que cada um quer desfazer do próximo !!!!!!

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    1. Muitas lembranças amigo... muitas lembranças! Obrigado por comentar

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  5. Pois é Neto..........Tbm fui uma dessas professoras rurais e adorava estar com aquelas crianças inocentes e seus pais.Crianças carinhosas muito diferente das de hj, exatamente pelos motivos q vc descreveu. Adorei..........voltei ao passado.........quantas lembranças boas!!!!!

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    1. Quem nunca teve uma "professora de sítio" não sabe o que é a segunda mãe! Parabéns por ter sido fada! Obrigado por comentar!

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