segunda-feira, 5 de março de 2012

FIM DE TURNO



Li, semana passada, que existe movimento, na cidade de Londrina, para regulamentação da atividades dos carroceiros e, também, o agendamento da proibição das suas atividades no prazo de seis anos... Uma profissão, digna e penosa, com data marcada para acabar!

Terão o mesmo fim das antigas charretes com capota e pneus que chamávamos de “balaios de puta”. Essas  charretes desapareceram por falta de mercado, mas, determinar prazo de validade para uma profissão é passar dos limites.

O agrônomo, cronista e também londrinense Alcir Chiari, foi de uma sensibilidade ímpar, ao descrever, em sua crônica “Olha o Bucheirooooo!”, o desaparecimento de profissionais que, com suas carroças, madrugavam atendendo suas freguesias, quer entregando pães, leite ou miúdos de boi. Suas atividades tornaram-se inviáveis comparando custo x benefício. 

Esta ferradura, voltando ao caso de Londrina, se encaixaria melhor na sola dos pés desses “gênios” que determinam, através de portarias e atos institucionais, o crepúsculo de uma atividade não se importando com a exclusão desses profissionais, indispensáveis, dentro do que se propõem.

Temos consciência que algumas profissões foram suprimidas ou substituídas - isso é fato - por avanços tecnológicos, inviabilidades ou falta de mercado... Só para citar algumas, temos: os tintureiros, precursores das lavanderias atuais. Os acendedores de lampiões, obsoletos após a chegada da iluminação pública atrelada à energia elétrica.  Os fotógrafos de rua (lambe-lambes), derrotados primeiramente pelos estúdios fotográficos e por fim pelas câmeras digitais. Os tocadores de realejo com sua singeleza, agora, só nos livros e sites de pesquisa para reencontrá-los. Tropeiros que cortavam estradas tocando suas vacadas foram substituídos pelos caminhões boiadeiros.

Os professores de datilografia - ASDFGÇLKJH quem não se lembra dessa primeira lição? – perderam a cadeira para os professores de informática que, por sua vez, levaram para o túmulo, também, as máquinas de escrever e as escolas de datilografia. Podemos citar as benzedeiras que - longe de serem profissionais e muito menos remuneradas - eram na verdade, indispensáveis pelas suas dádivas e atendimento gratuito.

Os sapateiros ou conserto de calçados estão com os dias contados – respiram por aparelhos... E por falar em respiração artificial chegamos aos médicos, que, apesar de não correrem riscos, enfrentam a forte concorrência do Dr. Google. 

Por outro lado, enquanto houver litígios, os advogados estarão garantidos, se eternizarão. Mas, desculpe a ignorância, a quem serve os advogados?

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