sábado, 25 de agosto de 2012

CUMPRIU SUA MISSÃO!


 Quando minha mãe contava as histórias de sua infância, adolescência e juventude inevitavelmente incluía o nome da Tia Luzia. Não sei se eram “unha e carne” como diz o ditado, porém, ficava evidente um grande respeito pela irmã, talvez pelos dias difíceis compartilhados na roça ou, pela marcação cerrada do pai: Zé Biagi.

 Esse respeito que mamãe nutria por Tia Luzia estendeu-se pela vida toda e a proximidade de nossas casas, em Ourinhos, certamente contribuiu para essa afinidade.

 Minha mãe era uma lutadora por natureza, sofredora por contingências, porém, esperançosa por princípios. Numa análise comparativa, penso que Tia Luzia e Dona Conceição beberam da mesma - amarga - água, tropeçaram nas mesmas pedras, choraram o mesmo choro e, possivelmente, vivenciaram as mesmas alegrias.

 Uma coisa é certa: suportar a dor, feito Tia Luzia, ninguém que eu conheça! Não bastasse ter perdido a Nilce, precocemente e tragicamente, ainda teve que suportar, por todos os seus dias, o desaparecimento do Elizeu. 

 Desapareceu com caminhão e tudo. Que fim levou ninguém soube. A incerteza doeu muito mais que a verdade, mesmo que triste fosse.

 Quantas lágrimas, quanto sofrimento, quantas nuvens negras!

 Quantas vezes sonhou ter o filho à mesa, para comer macarrão com molho, no almoço de domingo! Quantas noites perdidas esperando ouvir os passos do filho na calçada abrindo a maçaneta da porta, dizendo:

- Benção mãe - cheguei!

 Se a perda de um filho é um dano irreparável imaginem a ausência, a falta de notícias - o não saber onde está! Ela teve que suportar, ou, fez de conta que suportou para poder tocar a vida e cuidar do marido e filhos. Passou a vida engolindo o choro e sufocando seus gemidos!

 Esperou... esperou...esperou... aquele filho que jamais voltaria – chorou por ele intermináveis lágrimas!

 Hoje são os filhos que choram sua partida, mas, como disse o Odair:

- “Cumpriu sua missão”! E como cumpriu Odair Manzano!

 Ela deve estar sentada ao lado de Deus!  Seus dias de sofrimento lhe renderam uma passagem direto para o paraíso. 

Hoje é uma estrelinha! Para vê-la é só olhar para o céu em noites sem nuvens!


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