terça-feira, 9 de outubro de 2012

DO CALHAMBEQUE AO CAMARO AMARELO


 É fato! Brasileiro é apaixonado por carros. Uma paixão desmedida que extrapola qualquer tese explicativa. As brigas, no trânsito, tem outro motivo que não seja: “Bate na minha cara, mas, não encosta no meu carro”. Já prestaram atenção no vizinho da frente, há mais de 3 horas alisando seu Chevette 75, com cera Grand Prix, depois de ter consumido mais de cinco metros cúbicos de água para lavá-lo?

 Pois bem, essa paixão pelos “possantes”, há muito virou inspiração para compositores registrando-a em prosa e versos.  Os sertanejos “raiz”, mesmo que seu meio de transporte não fosse motorizado, falavam saudosos de seus carros de boi, carroças e de seus alazões.

 Porém, foi Roberto Carlos o precursor de tudo. Após ter deixado seu Cadillac (pouco chique? fala a verdade!) na oficina para conserto, se viu obrigado a sair, envergonhado, pelas ruas, com um Calhambeque por qual apaixonou-se e recusou devolvê-lo.

 Eduardo Araújo, o “bom”, mesmo não definindo com que carro estava, dizia que o mesmo era vermelho e não usava espelho para se pentear, desceu a Rua Augusta a 120 por hora e, além do excesso de velocidade, ainda cometeu outra meia dúzia de infrações de trânsito.

  Almir Rogério estressou-se com sua namorada. Ela foi vista bêbada, em um Fuscão Preto, que tinha um ronco maldito (possivelmente escapamento Kadron).   Era feito de aço, mas deixou seu peito em pedaços (essa foi pior do que apertar o saco com alicate). E olha que esse Fuscão Preto tocava, dia e noite, em todas as rádios AM/FM do Brasil, e também, nos toca-fitas Road Star “auto reverse”.

 Marcelo Nova protestou brabo contra a ditadura militar. Além de privar a liberdade, fizeram pior: Acabaram com o “Simca Chambord”. Essa é sem dúvidas uma verdadeira obra de arte. Fala dos “anos de chumbo”, da juventude da época e do desaparecimento do espetacular Simca.

 Raul Seixas falava da decepção ao ter alcançado um objetivo: Seu Corcel 73. “Foi tão fácil conseguir, agora eu me pergunto, e daí?" Sinceramente, foge da minha alçada, e inteligência, a tentativa de explicação do “Ouro de Tolo” do Raulzito.

 Os mais bem humorados foram sem dúvidas os “Mamonas”. Essa banda colocou a “mina” dos cabelos “da hora”, do corpão violão e mini-saia, dentro da espalhafatosa Brasília Amarela, e desceram a serra para se amar, pelados, no litoral paulista. Gostei dessa!

 Agora aparece um monte de gente cantando canções consumistas, com uma diversidade tão grande de carros, que acabaram perdendo a ternura, senão vejamos: Dodge Ram, Land Rover, Camaro Amarelo e até a descartável Fiorino foram inseridas nessas melodias que, apesar do tom jocoso e do bom humor, ouvi-las é dose pra elefante!

Por favor, desliguem o rádio!

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