sábado, 13 de outubro de 2012

FRAGMENTO DE UMA CARTA DE AMOR


 Encontrei jogado na calçada, perto da igreja matriz, um pedaço de papel rasgado e amassado. Trazia um sutil tom rosa como cor predominante, além de motivos florais e borboletas nas bordas. 

Percebi ser a parte inferior da folha que costumamos chamar de rodapé.

 A caligrafia traçada no pedaço papel era delicada, seguramente feminina e possivelmente de uma adolescente. Essas suposições se concretizaram quando li a identificação do bilhete.

 Afirmo, sem medo de errar que a jovem escreveu naquela folha de diário uma carta de amor, pois a frase final, única que restou do papel rasgado, era direta e recheada de sentimento:

“Eu só queria que você soubesse que eu te amo, Juninho”!  Ass. Letícia - 8ª B.

 Nossa, um discurso de quem ama! Que raridade!

 Possivelmente, a Letícia, não quis “pagar mico”. Acabou por rasgar e amassar aquilo que havia saído de dentro de seu coração... Teve medo ou vergonha... Sufocou seu sentimento mais sublime.

 Hoje, nossa mente, embotada, proíbe que externemos nossos melhores sentimentos, nossos melhores amores, nossos melhores corações. Acabamos rasgando e amassando o que o amor deixa escrito em nossa alma.

- E por que isso?

 Ficou fora de contexto dizer que ama... E quem ama, por pura insegurança, sente medo de colocar pra fora... Medo de ser zoado, zombado, rejeitado, depreciado, ou, deletado.

 Prefere-se, hoje, a frieza da relações banais e inconclusas de redes sociais - novas tecnologias de comunicação que, além de desunir pessoas, e separar corações, cometeu aquilo que considero um crime inafiançável: desintegrou as relações afetivas - deixou do lado a quentura do abraço!

Pô, Juninho, a Letícia só queria que você soubesse que ela te ama e, o que é mais definitivo: eternizou o sentimento na delicadeza da caligrafia floreada a esferográfica!

Imagina, Juninho, que legal seria você fazendo parte do mundo dessa menina amorosa e recheada de sentimentos, o mesmo sentimento que o bilhete rosa esculpiu.

 Troca uma ideia com ela, "mano", nem que seja pelo "WhatsApp".

Você é que está certa, Letícia: ame, ame muito, ame sempre... Deixe-se levar pelo coração.

Ah, Letícia, se não der certo, tudo bem - ame de novo... Mas jamais torne a rasgar em "não" o que seu coração escreveu em "sim"!


Um comentário:

  1. Agradeço a Deus todos os dias por compartilhar minha vida com vc, isso é uma dádiva, te amo (loucamente), bjos!!

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