OS BOLINHOS DE CHUVA E A EDUCAÇÃO

Naquele tempo ficávamos todos sentados à mesa, cada qual com seu respectivo material escolar, resolvendo as tarefas que haviam sido passadas nas aulas matutinas do Grupinho (Virgínia Ramalho). 

Não que fossemos fascinados por tarefas escolares, mas, arriscasse aparecer na aula, do dia seguinte, sem as tarefas resolvidas. 

Os professores eram tão competentes quanto rigorosos. Literalmente, nos corrigiam com puxões de orelha. E ai de nós se caísse nos ouvidos de nossos pais que tínhamos levado os tais puxões de orelha. Lá em casa o “couro comia”, de novo.

 Confesso que não era, apenas, as tarefas que nos fazia reunir em torno da mesa, mas sim, o momento em que minha mãe acendia a boca do fogão para fazer nossos "bolinhos de chuva"... Que delícia! Era uma mistura de farinha de trigo, ovos, leite, e fermento. Após a fritura eles eram banhados no açúcar refinado e canela em pó. 

 Doces recordações que, ainda hoje, junta água na boca, só de pensar naqueles momentos, naqueles outonos!

 Atualmente percebe-se, claramente, que a qualidade do ensino despencou ladeira abaixo. Não consigo definir o porquê dessa decadência. Pode ser o nível dos educadores, pode ser o Estado que não conseguiu adequar o antigo modelo de ensino às novas tecnologias e às reposições salariais justas aos professores. 

É.. O tempo passou e o mundo emburreceu, e nós, submissos, emburrecemos juntos!!!

Paralelo à isto aparece a figura dos alunos auto-suficientes, que "se acham"... Perderam o respeito pelo ensino, pelo sagrado ambiente escolar, pelos pais e pelos professores! 

Tenta, hoje, um mestre puxar a orelha de um aluno: ou vai preso ou apanha na própria sala de aula.

 Quanto aos bolinhos de chuva? Eles também sucumbiram... Foram substituídos por esses salgadinhos industrializados à base de milho, tipo “chips”, de composição nutricional duvidosa, mascarados em embalagens multicoloridas, com sabor indefinível e de cheiro insuportável, ou melhor, cheiro de chulé mesmo!