quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

OVO CAIPIRA E DIREÇÃO SEGURA


                                               

 Nessas nossas andanças pela área rural, atendendo consumidores, correndo linhas, operando chaves, entre outras atividades, invariavelmente nos deparamos com paisagens exuberantes, animais de todo tipo (inclusive onça), flores multicoloridas, rios, córregos, quedas d’água, enfim, vários cartões postais.

 O que não podemos é nos deixar distrair, por essas paisagens e ficarmos desatentos no ato de conduzir o veículo.

 Temos que ter total atenção no trânsito, nas depressões, buracos, pedras, árvores caídas, animais, tratores, carroças, entre outros complicadores.

 Numa reclamação de falta de luz, após efetuarmos o atendimento, no bairro Dourado, o cliente agradeceu e feliz disse que ia nos esperar na porteira para fechá-la. 

Após manobrar o veículo, com minha ajuda, iniciamos a saída da propriedade. Todo estabanado o consumidor deu sinal para o Jorge parar, agradeceu de novo, e ofereceu duas sacolinhas brancas (dessas de supermercado) com ovos de galinha caipira. Dissemos que não precisava e não podíamos aceitar a cortesia, porém, sentimos o cliente chateado pela negativa e para não magoá-lo (ah! tá) preferimos aceitar o mimo.

 Após rodar uns 500 metros, bem devagar, percebemos a necessidade de acomodar os ovos e,  após um estudo minucioso das alternativas possíveis de acomodação (fizemos uma verdadeira APR), optamos por colocar os ovos dentro das nossas bolsas de luvas, mais especificamente, dentro das luvas de alta tensão.

 Passava das dezessete horas, o sol entre nuvens escuras, escondia-se sorrateiramente no horizonte. 

Precisávamos retornar e o caminho de volta era por estrada de terra muito ruim, enquanto isso observávamos, pelos lados da Água Branca, um céu carrancudo e alguns trovões  prenunciavam chuva forte. 

 Percebi que o Jorge, para não quebrar os ovos, diminuiu sensivelmente a velocidade, desviou dos buracos e das pedras, fez as curvas quase parando, evitou trancos e freadas bruscas, deu passagem quando queriam ultrapassá-lo, assim como, encostava nosso veículo, dando à preferência, toda vez que cruzava outra condução.

 Eis que chegamos à agência debaixo de muita chuva e vento. 

Antes de fechar o turno, fui verificar como estavam os ovos. Para nossa surpresa,  intactos, nem uma trinca sequer. Nesse momento o Jorge comentou: - "João, a partir de hoje, vou dirigir como se estivesse carregando ovos. Tenho certeza que não me envolverei em acidentes". 

Balancei a cabeça positivamente, esbocei um leve sorriso concordando  e voltei para o carro atender as chamadas do Celsão Deodato, do COD e o mugido do ominlink que, insistentemente, gritava as primeiras ocorrências de uma noite que se anunciava longa e complicada. 


Um comentário:

  1. .....É.....ainda bem que a lição foi aprendida com ovo....e se fosse a galinha viva ! Corre que este galinacio esta cacarejando e alvoroçada.....o trajeto ia ser correndo....que coisa em ?

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