quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

ZÉ QUEIXINHO


 Nasceu José Cândido da Silva, ganhou o apelido "Zé Queixinho" - veio ao mundo no dia 05 de novembro de 1916,em   Botelhos, região de Poços de Caldas, estado de Minas Gerais. Filho de João Cândido da Silva (Zico) e  Gabriela Maria da Silva, era o segundo filho de uma família de quatorze irmãos. Seus pais migraram para Santa Cruz do Rio Pardo na década de 20 onde "Seu" Zico exerceu a profissão de carpinteiro,  ofício que ensinou aos seus filhos homens.

 Muito cedo, aprendeu a se virar sozinho, aos 16 anos tornou-se independente, quer trabalhando como carpinteiro, quer fazendo corretagens (era bom negociante). Aos poucos, com a força de seu trabalho, foi fazendo seu pé-de-meia.

 Em 1936 apaixonou-se pelos olhos azuis de uma das filhas do agricultor José Francisco Régio (Zé Biaggi) de nome Conceição  com quem casou-se 01 ano depois.  

 Na mesma proporção em que ia aumentando a família, Zé Queixinho ia fazendo fortuna, situação que se solidificou ao ganhar o 1º prêmio da Loteria Federal no final dos anos 50. Adquiriu propriedades rurais e urbanas, construiu um dos primeiros sobrados de Santa Cruz, na Vila Joaquim Paulino, foi também o primeiro santacruzense a possuir um aparelho de TV, aliás, seu filho mais velho Ari, foi com outros dois jovens, os pioneiros da televisão em Santa Cruz do Rio Pardo.

 Zé Queixinho tornou-se tão influente, que, passou a ser assediado por oportunistas em busca de dinheiro emprestado, além disso, pediam seu endosso em notas promissórias e sua fiança em empréstimos bancários ou com terceiros. De bom coração, Zé Queixinho jamais disse não e parecia sentir-se honrado com tal assédio.  Essa honraria e esse coração aberto viriam a prejudicá-lo, financeiramente, para o resto dos seus dias.

 Para pagar dívida de terceiros, num piscar de olhos, Zé Queixinho acabou com todo seu patrimônio, e pasmem, até a aliança de casamento vendeu para honrar seu nome, inclusive, até garantia verbal, contam, ele não deixou sem pagamento. Entre não pagar e ficar pobre, ele preferiu manter a vergonha na cara.

 Sem dinheiro e abatido, em 1966 mudou-se com a família para Mandaguari, estado do Paraná, onde conheceu a falta de recursos para as necessidades básicas e a miséria total, nesse período qualquer um teria desistido de tudo, e até da vida, porém, não estamos falando de “qualquer um” e sim de Zé Queixinho.

 Em 1967, num gesto corajoso e decidido, agarrou-se com sua parceira Conceição, colocaram os filhos debaixo das asas e rumaram para Ourinhos, tentava assim, reconstruir seu mundo e, também, ficar mais perto de Santa Cruz.

 Precisava acabar de criar a prole, voltou a ser carpinteiro e continuava a fazer corretagens.  Dona Conceição ajudava, muito, com trabalhos artesanais (crochê) além de exercer a função de rádio-escuta nas Emissoras Coligadas. É possível  que tenham ganho muito dinheiro, porém, tudo era consumido,  afinal, eram muitas bocas para comer, mesmo com os filhos  mais velhos, já, buscando novos horizontes.

  Sempre bem-humorado, não tinha apenas o semblante agradável, acima de tudo, tinha o sorriso na alma. Era grande contador de causos e piadas, todos paravam para ouvir as estórias gostosas (apesar de repetitivas) de Zé Queixinho.

 Acreditava fielmente em Deus e tinha idéias espiritualistas, acreditava, também, na vida após a morte, usava sempre um ditado mineiro que ratificava essas idéias: “Se esse mundo é um gambelo - o outro - é de arrepiar o cabelo”.

 Falava com orgulho dos filhos bem sucedidos e torcia para que os demais também se encaminhassem, embora já tivesse percebido filho debruçado sobre copo com álcool. Apesar dos pesares, nunca deixou de sorrir,  lutar e  sonhar. Seus maiores sonhos eram: enriquecer novamente e voltar para Santa Cruz do Rio Pardo, cidade que ele amava e, talvez, o sonho de riqueza fez dele um contumaz apostador em jogos e loterias.

 Após pouco mais de dois anos de luta contra o mal de Alzheimer, perdeu sua guerreira Conceição Régio da Silva, em 21 de novembro de 1992, fato que o abalou profundamente. Aliás, poucos homens, no mundo, tiveram o privilégio de ter uma companheira como Conceição, viveu unicamente para ele e para os filhos, ela foi o anjo que Deus mandou na terra para acompanhá-lo.  Era seu alicerce, esteve sempre presente, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, até que a morte os uniu novamente em 20 de dezembro de 2007 devido a um câncer generalizado.

 Não deixou bens a inventariar, porém deixou uma insofismável lição de vida: “NUNCA DESISTA DE SEUS SONHOS!”

 E numa ensolarada manhã, do primeiro dia do verão, ao som do cantar dos bem-te-vis, na única fração de terra que lhe restou, e como era seu desejo, foi sepultado no Cemitério Municipal de  Santa Cruz do Rio Pardo,  onde certamente, descansa em paz!!!



4 comentários:

  1. Marreco,

    Eu gostava demais do senhor José... Além de tudo era engraçado!


    Minucci

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  2. È a maior declaração de amor que já li.Parabéns João !!!!!!!!!!! Que Deus continue te iluminando. Bjs de sua prima Lúcia.

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  3. A gente não chora a toa. Chora por coisa coincidentes que marcam nossa vida até o fim. Parabéns João.

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